“[O] desejo amoroso se dispersa entre vários sujeitos, permitindo que cada um tenha a sua chance, pois se estivéssemos todos apaixonados pelo mesmo ser, que suplício – para nós e para ele! O mesmo ocorre com os livros e os fragmentos de livro: há uma Disseminação do Desejo, e é nesta medida que há apelo e chance de procriação de outros livros: meu desejo de escrever vem, não da leitura em si, mas de leituras particulares, tópicas: a Tópica do meu Desejo – como num encontro amoroso: o que define o Encontro? A Esperança. Do encontro com alguns livros, nasce a Esperança de Escrever”.
BARTHES, Roland. A preparação do romance II. Trad. Leyla Perrone-Moisés.
São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Na performance Ir y volver (2019), a artista Marilá Dardot escreve com água, em um muro, o verso “A la esperanza vuelvo”, da poeta cubana Carilda Oliver Labra. Quando termina de escrever a última letra, as primeiras já se apagaram e é preciso reescrever novamente o verso, voltar repetidas vezes à esperança.
Assim também fazemos com os livros que nos inspiram e que amamos. De vez em quando precisamos voltar a eles, como quem volta à esperança. Mas esperança no sentido proposto por Paulo Freire:
“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”
Bora se juntar pra fazer (ler, escrever, viver) de outro modo?
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